segunda-feira, 15 de novembro de 2004

 

Os princípios morais


No ano de 1997, durante a preparação de uma visita de Estado do Presidente da República ao Vaticano, os responsáveis eclesiásticos levantaram objecções ao facto de Jorge Sampaio, sendo anteriormente divorciado, se fazer acompanhar de sua mulher Maria José Ritta, situação jurídica que a Igreja Católica não reconhece.
Perante tal objecção, e demonstrando uma inegável dignidade e um grande sentido de Estado, Jorge Sampaio acabou por cancelar a visita.
Sete anos depois, tendo a visita sido desta vez considerada «oportuna» e, claro, acompanhado de sua mulher, o Presidente da República foi agora recebido, de acordo com os normais e tradicionais formalismos protocolares.
Numa cerimónia que, uma vez mais, revelou a violenta tortura a que continuam a submeter aquele velho enfermo, a quem continuam a negar uma reforma digna e em paz.
Durante a visita, o Papa João Paulo II pediu que «a luz de Fátima se propague por todo o mundo», mostrando que não está ainda posto de lado este tradicional costume papal de rogar pragas à Humanidade.

Acrescente-se que o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Angelo Sodano, acabou por reconhecer que em 1997 houve «excesso de zelo», explicando que na ocasião ainda se desenrolavam as negociações para a revisão da Concordata, problema hoje já completamente ultrapassado.
Tanto mais que Jorge Sampaio a promulgou já.

É sempre assim: para a Igreja os mais sagrados princípios morais acabam, mais tarde ou mais cedo, por ceder perante melhores oportunidades políticas.




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