sexta-feira, 19 de novembro de 2004
O Index
Ao longo dos tempos todas as Igrejas sempre têm tentado determinar o modo de vida das pessoas de acordo com os seus cânones e princípios, por mais ortodoxos ou fundamentalistas que se venham a revelar.
Para além de abrangerem os seus mais fieis seguidores, que serão livres de as acatar ou não – isso é lá com eles – o pior é que as determinações religiosas acabam sempre por se estender inexoravelmente a toda a Humanidade.
E se a Santa Inquisição já não existe hoje, a sua condigna sucessora, a Congregação para a Doutrina da Fé, chefiada pelo inigualável Cardeal Joseph Ratzinger, controla hoje a ortodoxia dos "ensinamentos católicos".
E esses ensinamentos revestem as mais variadas formas: desde influências sobre determinadas áreas governamentais e legislativas, à completa proibição de acesso às mais variadas áreas do conhecimento humano.
Não vão por aí espalhar-se boatos insidiosos de que a Terra é redonda ou que a mulher afinal não foi criada de uma costela de Adão.
Exemplo disso é a extensa lista de livros cuja leitura é proibida aos cristãos: o célebre «Index librorum prohibitorum».
Não vá o Diabo tecê-las!
Foi assim que a par da proibição de alguns livros considerados hoje obras primas da literatura mundial, como «Os Miseráveis» de Vítor Hugo, autores houve que foram declarados heréticos e totalmente “banidos da cristantade” – sob pena da imediata excomunhão de quem lesse os seus livros – de que se destacam: René Descartes, Francis Bacon, Hobbes, Voltaire, Diderot, Montesquieu, John Lock, Pascal, Rousseau, Lamartine, Stuat Mill, Hume, Zola, Maeterlinck, Auguste Comte, Anatole France, Kant, Jean-Paul Sartre, Alberto Moravia, André Gide, etc., etc.
Mas, ainda pior do que isto, é que atrás destas santas determinações do Vaticano - que ainda hoje vigoram - aparecem sempre as autoridades religiosas locais, cheias de boa vontade e muito ansiosas por alcançarem o Reino dos Céus o mais depressa possível, nem que para isso tenham que ser... mais papistas que o Papa!
É assim que em certos e determinados estados dos Estados Unidos da América, para além do «Index» do Vaticano, aparecem ainda listagens de outros livros cuja edição e venda foram completamente proibidas, tendo sido banidos de todas as livrarias e bibliotecas públicas.
Mas isso é nos Estados Unidos, dir-me-ão alguns: é lá muito longe e não nos diz respeito.
Enganam-se: a propagação sistemática desta determinação da vida alheia é concreta e bem real!
E abrange todos os aspectos da nossa vida: social, cultural, artística e científica.
É já inequivocamente palpável no nosso quotidiano este novo «american way of life» que é agora, e todos os dias, exportado para outros países... nem que seja pela força das armas!
Basta dizer o quanto foi determinante para a reeleição de George W. Bush o apoio das igrejas evangélicas, embora as nossas brilhantes mentes “direitistas” andem a fazer de conta que isso é "um pequeno pormenor" sem importância, e que é até ofuscado pela grandeza de espírito, pela sagacidade e pela fina inteligência daquele Grande Homem.
Mas como uma imagem vale mil palavras, aqui deixo alguns exemplos dos livros proibidos por determinação de diversas autoridades religiosas locais dos E.U.A., de entre as quais se destaca, pela sua activa militância e influência sobre o poder político, o “Christian Parenting Today”, a que se segue uma explicação sucinta dos motivos que conduziram a tal proibição.
Então aqui vai:
Harry Potter
- Motivo: por promover a feitiçaria, tendo sido considerado “maléfico”.
Alice no País das Maravilhas
- Motivo: haver personagens de animais capazes de falar
A Cor Púrpura
- Motivo: conteúdo inapropriado
Fahrenheit 451
- Motivo: conteúdo inapropriado
Tarzan
- Motivo: a personagem vive na selva com Jane sem serem casados
O Amante de Lady Chatterley
- Motivo: retracta o romance de uma mulher casada com outro homem
O Diário de Anne Franck
- Motivo: conteúdo inapropriado
Cinderella
- Motivo: promove a feitiçaria
Hansel e Gretel
- Motivo: promove a feitiçaria
As Aventuras de Huckleberry Finn
- Motivo: profano
O Capuchinho Vermelho
- Motivo: na versão original era oferecido vinho à avozinha
Branca de Neve e os 7 anões
- Motivo: uma mulher vive sozinha com sete homens em circunstâncias não explicadas
O Livro do Período (que explica o processo da menstruação a raparigas, as suas conversas com os pais, como escolher roupa e produtos femininos adequados, a ida ao ginecologista e ainda como lidar com situações embaraçosas)
- Motivo: conteúdo sexual
Só uma palavra: doentio!
Só uma pergunta: será que, com as justificações que são dadas e em coerência com todas elas, o próximo livro a ser proibido vai ser... a Bíblia?
É já inequivocamente palpável no nosso quotidiano este novo «american way of life» que é agora, e todos os dias, exportado para outros países... nem que seja pela força das armas!
Basta dizer o quanto foi determinante para a reeleição de George W. Bush o apoio das igrejas evangélicas, embora as nossas brilhantes mentes “direitistas” andem a fazer de conta que isso é "um pequeno pormenor" sem importância, e que é até ofuscado pela grandeza de espírito, pela sagacidade e pela fina inteligência daquele Grande Homem.
Mas como uma imagem vale mil palavras, aqui deixo alguns exemplos dos livros proibidos por determinação de diversas autoridades religiosas locais dos E.U.A., de entre as quais se destaca, pela sua activa militância e influência sobre o poder político, o “Christian Parenting Today”, a que se segue uma explicação sucinta dos motivos que conduziram a tal proibição.
Então aqui vai:
Harry Potter
- Motivo: por promover a feitiçaria, tendo sido considerado “maléfico”.
Alice no País das Maravilhas
- Motivo: haver personagens de animais capazes de falar
A Cor Púrpura
- Motivo: conteúdo inapropriado
Fahrenheit 451
- Motivo: conteúdo inapropriado
Tarzan
- Motivo: a personagem vive na selva com Jane sem serem casados
O Amante de Lady Chatterley
- Motivo: retracta o romance de uma mulher casada com outro homem
O Diário de Anne Franck
- Motivo: conteúdo inapropriado
Cinderella
- Motivo: promove a feitiçaria
Hansel e Gretel
- Motivo: promove a feitiçaria
As Aventuras de Huckleberry Finn
- Motivo: profano
O Capuchinho Vermelho
- Motivo: na versão original era oferecido vinho à avozinha
Branca de Neve e os 7 anões
- Motivo: uma mulher vive sozinha com sete homens em circunstâncias não explicadas
O Livro do Período (que explica o processo da menstruação a raparigas, as suas conversas com os pais, como escolher roupa e produtos femininos adequados, a ida ao ginecologista e ainda como lidar com situações embaraçosas)
- Motivo: conteúdo sexual
Só uma palavra: doentio!
Só uma pergunta: será que, com as justificações que são dadas e em coerência com todas elas, o próximo livro a ser proibido vai ser... a Bíblia?