segunda-feira, 11 de outubro de 2004

 

A Feira dos Milagres

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Se por alguma coisa a História recordará o papa João Paulo II será, decerto, pela profusão de santos e beatos que criou durante o seu pontificado.

Centenas e centenas de defuntos, desde que reconhecidamente próximos das vizinhanças ideológicas da Igreja Católica, são perturbados no seu eterno descanso e têm sido chamados a responsabilizar-se por milagres vários, a maior parte dos quais relacionados com o exercício ilegal da medicina.

É assim que padecentes vários se têm livrado das piores maleitas, que lhes têm sido infligidas pelos insondáveis desígnios divinos.

Foi assim que a Divina Providência confiou ao papa a espinhosa tarefa de engendrar os mais variados milagres, desde que, obviamente, eles se revelem minimamente adequados à promoção da fé e à estupefacção dos crentes, e ainda que seja necessário recorrer à industrialização, pelos assombrosos números revelados.

Sim, porque fazer um santo dá um trabalho dos diabos! E nem todos se dão ao misericordioso trabalho de deixar pronto o seu processo de canonização para depois da sua própria morte, como fez o sempre notável José Maria Escrivá de Balaguer.

É assim que assistiremos muito em breve à canonização dos beatos Francisco e Jacinta Marto, revogadas que foram as determinações de Pio XI, que não autorizava crianças a fazer milagres.
E foi assim que assistimos à recente, e decerto merecida, beatificação do Imperador Carlos I da Áustria, responsável - comprovado que foi - pela cura das varizes de uma freira.


É impressão minha ou, ao longo da História, os primeiros a achincalhar a Fé das pessoas têm sido precisamente aqueles a quem estas confiaram a sua guarda...?



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