sábado, 19 de maio de 2007

 

Os Abutres



É absolutamente extraordinário impacto mediático que tem tido por todo o mundo o desaparecimento da pequena Madeleine McCann na Praia da Luz, no Algarve.
Como é incrível a onda de solidariedade internacional que se tem criado à volta deste drama infernal.

A polícia portuguesa, com o auxílio de peritos ingleses, tem afectado todos os seus recursos e meios técnicos e humanos à investigação do caso.
De tal forma que parece que há uma esperança generalizada que, quase milagrosamente, tudo seja finalmente esclarecido e que de um momento para o outro a pequena Madeleine apareça sã e salva e possa voltar para junto dos seus pais.

No meio das costumeiras críticas ao exagero da mediatização do caso e das longas perorações dos especialistas que sempre aparecem a comentar e a ensinar como é que a investigação devia ser feita, o que é certo é que a actuação da polícia portuguesa tem sido geralmente elogiada, como tem sido reconhecida a dedicação pessoal de muitos agentes, que chegam a passar vários dias sem dormir para não interromper a perseguição de uma ou outra pista.

Foi mesmo criado um fundo de auxílio que tem contado com a colaboração de muitos milhares de pessoas. De tal forma que tem sido noticiado que esse fundo recolheu já quase 4 milhões de euros.

Na verdade, é nas situações mais extremas que se conhece o melhor e o pior das pessoas.
E é por isso que era absolutamente inevitável que, uma vez mais, isso acontecesse.

E pronto:
Mal ouviram falar em tudo isto, principalmente do elevado montante que o fundo de auxílio já tinha atingido, os famosos “psíquicos” ingleses Amanda Hart (de St. Albans) e Ben Murphy (de Watford) apanharam imediatamente um avião para o Algarve.

Ali chegados, não cessam de rondar os pais e as pessoas mais chegadas à família da pequena Madeleine, fazendo-lhes crer que graças aos seus poderes psíquicos e às pistas que têm recebido do “além” estão na posse de preciosas e vitais informações sobre o destino e o paradeiro da criança.

De facto, há pessoas que não recuam perante nada.
Até quando será isto tolerado e permitido?

Até quando será tolerado que esta gente sem escrúpulos, estes burlões, estes facínoras criminosos, persistam em aproveitar-se da fragilidade emocional das pessoas?

Até quando será permitido que estes autênticos abutres continuem impunemente a explorar as desgraças das pessoas, impingindo-lhes falsas esperanças ou mentirosas desilusões com o único fito de lhes extorquirem dinheiro, seja em programas de televisão, seja em estâncias de férias, seja em luxuosos gabinetes, seja em sombrios apartamentos, ou seja mesmo em grandiosas e milionárias basílicas?

De facto, é nas situações mais extremas que se conhece o melhor e o pior das pessoas.



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