segunda-feira, 30 de outubro de 2006

 

A Igreja Católica e a Vida Humana



Nestes tempos de intenso debate nacional a propósito do referendo sobre a despenalização do aborto, é notória a profunda dissensão a que se assiste na sociedade portuguesa entre os defensores do "sim" e os defensores do "não".

As divergências políticas estão já marcadas: depois do Primeiro-ministro José Sócrates se ter afirmado publicamente a favor do «sim», apareceu Marques Mendes a dizer que votará «não», numa posição que pretende nitidamente não mais do que uma demarcação política e partidária.

Depois, aparece a Igreja Católica mais uma vez a meter o bedelho e a querer influenciar a sociedade e a vida das pessoas, quer sejam católicas quer não o sejam.

Pela voz de José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, a Igreja Católica é muito clara a explicar a sua posição:
«...desde o seu início, a Igreja condenou o aborto, porque considera que desde o primeiro momento da concepção, existe um ser humano, com toda a sua dignidade, com direito a existir e a ser protegido».

E vai mais longe quando esclarece que:
«... a condenação do aborto não é uma questão religiosa, mas de "ética fundamental"; trata-se, de facto, de um valor universal, o direito à vida, exigência da moral natural...».

Assim, e defendendo a vida humana como um valor inquestionavelmente absoluto, ao mesmo tempo que considera que desde o primeiro momento da concepção existe já uma vida humana, a Igreja Católica assume uma pretendida coerência de ser contra o aborto.
A vida humana é um valor absoluto, e ponto final!

De tal forma, que a Igreja Católica é inequivocamente contra qualquer forma de aborto.
Mesmo nos casos (previstos na lei actualmente vigente em Portugal) de malformação do feto, de violação ou de perigo de vida para a mulher, a Igreja Católica tem sempre a mesma posição: é contra o aborto.

É assim que, admitamos que muito coerentemente, esse repositório básico da «Doutrina Oficial da Igreja Católica», dos «valores judaico-cristãos» da civilização ocidental, essa fonte de «ética fundamental» que é o «Catecismo da Igreja Católica», pune com a pena de excomunhão «latae sententiae», isto é, pela prática do próprio facto, tanto a mulher que pratica um aborto, como também quem a tenha auxiliado.

Como podia ser de outra maneira: pois não é a vida humana um valor fundamental e absoluto para a Igreja Católica?

Pois. Mas o pior é que não é!

É que enquanto afirma que «a vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção», e que «desde o primeiro momento de sua existência o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo o ser inocente à vida», esse mesmo tal «Catecismo da Igreja Católica» afirma a propósito da «legítima defesa»:

«Quem defende sua vida não é culpável de homicídio, mesmo se for obrigado a matar o agressor».

Isto explicado melhor quer dizer que a doutrina católica, a tal «ética fundamental» a que se referia o Cardeal Patriarca e tão bem explicada no «Catecismo», nos diz que quando estão em confronto as vidas humanas de um agressor e de um agredido, privilegia-se este último e legitima-se o seu direito a defender-se e a matar o agressor, isto é, a tirar-lhe o tal «valor absoluto» que é sua a vida humana.

Mas quando uma gravidez põe em perigo a vida de uma mulher, não lhe é concedido o direito a abortar.
Desta vez privilegia-se um embrião, a quem se «concedeu» vida logo desde o primeiro momento da concepção, e recusa-se à mulher o direito à sua própria vida, à mesma «legítima defesa» que antes se concedeu a um indivíduo ou a uma sociedade que foram «agredidos».

Uma vez mais, e como ao longo da História tem sido persistente tradição da Igreja Católica, a mulher é tratada como um «objecto» de segunda categoria, e nem sequer a sua vida humana constitui já um «valor absoluto» assim tão fundamental que, quando em confronto, justifique a destruição de um embrião, passe este ou não de um conjunto de meia dúzia de células sem sistema nervoso, estejamos ou não perante uma malformação do feto, seja este ou não resultado de uma violação da mulher.

Mas esta ignóbil hipocrisia da Igreja Católica não fica por aqui:

Enquanto fala no valor absoluto da vida humana a propósito de um embrião, a mesma Igreja Católica Apostólica Romana defende no seu Catecismo... a pena de morte!

Como diz o «Catecismo da Igreja Católica» (§ 2267):
«A legítima autoridade pública tem o direito e o dever de infligir penas proporcionais à gravidade do delito».
«O ensino tradicional da Igreja não exclui, depois de comprovadas cabalmente a identidade e a responsabilidade de culpado, o recurso à pena de morte, se essa for a única via praticável para defender eficazmente a vida humana contra o agressor injusto».

É de facto muito curiosa uma religião que admite a pena de morte!

É de facto muito curioso que haja alguém que ora defende os valores éticos e absolutos da vida humana quando fala de um embrião, para logo a seguir esquecer essa mesma «ética fundamental» quando fala de uma pessoa adulta e admite que os seus semelhantes lhe tirem a vida, esse tal «valor absoluto», como castigo por uma acção por si praticada.

Que haja quem defenda o "sim" e o "não" à despenalização do aborto, isso entendo perfeitamente.
Por isso é que haverá um referendo onde todos devem ter o direito de votar em liberdade e de acordo com a sua consciência.

Mas já não compreendo a profunda hipocrisia e a inqualificável desonestidade intelectual de quem, por se intitular católico e por isso se achar dotado de uma superioridade «ética fundamental», ora se manifesta contra a despenalização do aborto em nome do «valor absoluto» da vida de um embrião, ora, orgulhando-se de pertencer a essa tenebrosa associação que é a Igreja Católica Apostólica Romana, é também e ao mesmo tempo favorável à pena de morte!





(Publicado simultaneamente no «Diário Ateísta»)


sábado, 28 de outubro de 2006

 

Uma Pequena História





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quinta-feira, 26 de outubro de 2006

 

A Defesa da Vida



O «Los Angeles Times» relata que será hoje aprovada na Nicarágua uma lei que criminaliza todas as formas de aborto, incluindo as resultantes de violações, de malformações do feto e até mesmo as que se destinem a salvar a vida da mulher grávida.

Associações médicas da Nicarágua e movimentos internacionais de direitos humanos têm criticado fortemente esta legislação, que prevê penas de 6 a 30 anos de prisão para as mulheres que abortem e para os médicos que se atrevam a auxiliá-las.

Estima-se que anualmente se façam cerca de 32.000 abortos clandestinos na Nicarágua sem quaisquer condições de segurança ou salubridade, enquanto foram levados a cabo somente 24 abortos legalmente autorizados nos últimos três anos, incluindo o de uma menina de 9 anos que tinha sido violada em 2003 mas que, segundo a nova lei, não poderia agora abortar.

Médicos da Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia daquele país afirmaram em conferência de imprensa que esta lei vai perigar a vida das mulheres e vai fazer com que os médicos se sintam relutantes em levar a cabo quaisquer procedimentos destinados a salvar-lhes a vida.
«Quando uma mulher chega a um hospital com uma hemorragia vaginal, ficamos receosos de fazer alguma coisa: se a tratamos podemos ser condenados e se não a tratamos também», declararam.

Mas Rafael Cabrera, um médico obstetra e líder do «Movimento Sim Pela Vida», afirmou:
«A lei actualmente vigente na Nicarágua permite a abertura de uma porta pela qual os abortos podem ser praticados e nós pretendemos fechar essa porta. Não acreditamos que uma criança possa ser destruída sob o pretexto de que uma mulher pode morrer».

Por trás desta iniciativa está uma instituição milenar, fortemente implantada na Nicarágua e influente em todos os sectores da sociedade, e cujos líderes se mobilizaram activamente para redigir a lei e angariar todos os apoios necessários para a sua aprovação, e que se distingue pela sua forma única e peculiar de defesa de embriões, da dignidade das mulheres e da própria vida humana.

Chama-se Igreja Católica Apostólica Romana.





(Publicado simultaneamente no «Diário Ateísta»)


quarta-feira, 25 de outubro de 2006

 

Ser professor na Suécia



«Sou sueco e professor.
Trabalho em Portugal há muitos anos. Tenho feito o melhor possível, com falhas e com sucessos, com dificuldades umas vezes, mais agradável outras.

Mas nunca, como agora, senti que me considerassem atrasado mental ou que eu próprio assim pensasse. É que, de repente, quando vejo a luta que os professores portugueses travam neste momento, sinto uma enorme e desesperante frustração, ao perceber que, na Suécia, toda a classe de professores tem sido, desde há longos anos, verdadeiramente estúpida e pouco esperta.

Quando, para ter bons indicadores no ensino, com escolas, faculdades e institutos e laboratórios de investigação de bom nível (para além da saúde e da segurança social), aceitámos pagar 50-52 por cento de IRS, ter a reforma aos 65 anos, pagar 25 por cento de imposto sobre a pensão de reforma, ter um horário na escola mais sobrecarregado, com dedicação a múltiplas actividades, ter um estatuto de carreira mais duro e inflexível do que este que agora se quer introduzir aqui, e ser avaliados com enorme rigor (que nem passaria pela cabeça de qualquer equipa ministerial em Portugal).

Portanto, compreende-se que me sinta um pouco traído pelos meus governantes na Suécia.
O que me leva a concordar com a luta que os meus colegas portugueses mantêm agora.
Pois, de facto, é muitíssimo melhor pagar só 35 por cento de IRS, pagar nada de imposto sobre a reforma (ou mesmo os 4 por cento que agora se quer introduzir), trabalhar menos na escola, como até aqui, sem a chatice de a escola ter de estar sempre em funcionamento com actividades da comunidade escolar e da comunidade em geral, com pouca avaliação ou nenhuma e com um estatuto de carreira mais permissivo.

Mesmo que, por isso, os resultados efectivos do ensino fossem muitíssimo mais fracos do que temos agora por lá, se calhar teria valido a pena não se ter apostado tão rigorosamente na organização do colectivo, pelo sacrifício estúpido dos cidadãos individualmente.

Mas, por outro lado e pensando melhor, será que lá pelo Norte da Europa (Escandinávia e Finlândia) há 25 milhões de pessoas assim tão mentecaptas, que prefiram o sacrifício individual para manter aquele nível de vida colectivo?
"Ah, mas lá têm condições!", ouve-se.
Sim, têm. E deve ser porque são geniais, pois conseguiram ter condições, antes de as terem criado!

Não, está muito errado quem assim pensa. Custou muito, foi muito difícil, foi grande o sacrifício para criar as condições!
Fixe-se bem esta realidade absolutamente verdadeira: os suecos não são melhores do que os portugueses!...

Ruben Marks
Maia»

in
Cartas ao Director (Público, 24 de Outubro).

Copy/paste gamado ao «Canhoto».



Senhora ministra: por favor, não desista!


terça-feira, 24 de outubro de 2006

 

A história de uma professora do ensino superior



Uma coisa é inquestionável: Isabel Magalhães Colaço foi uma mulher absolutamente admirável!

Quando morreu, no dia 1 de Novembro de 2004, Portugal perdeu uma das suas mais brilhantes académicas e uma das pessoas mais notáveis que já por aqui passaram.

Nascida em 1926, licenciou-se em direito em 1948, aos 22 anos, com 19 valores.
Ora, uma mulher licenciar-se na Faculdade de Direito de Lisboa na década de 40, quando os professores mandavam as alunas «coser meias» nas orais, já é obra.
Para se licenciar com 19 valores é porque se calhar merecia pelo menos o dobro...

Isabel Magalhães Colaço foi a primeira mulher a doutorar-se em direito em Portugal.
No entanto, e apesar da sua genialidade, pelo simples facto de ser mulher só foi convidada para assistente depois de defender com invulgar brilhantismo a sua tese de doutoramento, já em 1954.
Só então os grandes mestres da corporação, com Marcelo Caetano à frente, lá autorizaram a sua contratação como assistente e a sua regência da cadeira de Direito Internacional Privado.

Todos os seus alunos recordam a sua extrema competência técnica e didáctica, e a sua verticalidade pessoal.
Deve ter sido talvez a única professora da Faculdade de Direito de Lisboa que antes do 25 de Abril teve a coragem de se manifestar frontalmente contra os «gorilas» que a polícia política punha a vigiar os alunos.

Os seus alunos recordam ainda a sua grande exigência nos exames e como tinham de «empinar» a sério a sua «sebenta», que não era mais do que o resultado da publicação da sua brilhante tese de doutoramento.

Pois é.
Até aqui tudo bem.

Só que, desde que a Profª. Isabel Magalhães Colaço se doutorou e começou a dar aulas, em 1954, até que se jubilou, em Maio de 1996, passaram 42 anos.
O pior é que nesses 42 anos a Profª. Isabel Magalhães Colaço foi a regente ou, por outras palavras, a «dona» da cadeira de Direito Internacional Privado.
E nesses 42 anos todos os seus alunos estudaram meticulosamente a cadeira de Direito Internacional Privado pela «sebenta» da sua tese de doutoramento.

E nesses 42 anos, com excepção de dois ensaios em 1968 e em 1971, a Profª. Isabel Magalhães Colaço não se deu ao trabalho de publicar absolutamente mais nada.
E nos 25 anos que vão de 1971, até que se jubilou, então nem sequer um mísero ensaio viu a luz do dia.

Com excepção da publicação de algumas compilações de aulas gravadas, realizadas por alunos seus, como era moda naquela época, todos os alunos que nesses 42 anos fizeram a cadeira de Direito Internacional Privado na Faculdade de Direito de Lisboa tiveram de estudar por sucessivas gerações de fotocópias de fotocópias de fotocópias, para o fim já muito sumidas, da «sebenta» da velha tese da Profª. Isabel Magalhães Colaço.

Dizia-se nos corredores da Faculdade de Direito de Lisboa que a Profª. Isabel Magalhães Colaço, a «Magalhoa», como carinhosamente lhe chamavam, nem sequer fazia uma nova edição da sua «sebenta» para não ter de a actualizar.
Foi decerto para afastar esses boatos que a Profª. Isabel Magalhães Colaço decidiu em 1984 publicar novamente a sua «sebenta».
Mas não a actualizou...

E foi assim que nesses 42 anos o ramo do Direito Internacional Privado ficou completamente estagnado e sem qualquer evolução na Faculdade de Direito de Lisboa.

E foi assim que nesses 42 anos ninguém sequer ousou pensar em atrever-se em afrontar a «nomenklatura» da Faculdade de Direito de Lisboa.
Aliás seria inútil.
Pois não era a Profª. Isabel Magalhães Colaço, professora catedrática de «nomeação definitiva» da Faculdade de Direito de Lisboa, a regente, a «dona» da cadeira de Direito Internacional Privado?

Senhora ministra: por favor, não desista!


segunda-feira, 23 de outubro de 2006

 

Não Sejamos Maricas



É este o título que João Gonçalves dá a dois posts no seu Blog «Portugal dos Pequeninos», onde elogia a «complexa simplicidade» octogenária que Agustina Bessa Luís demonstra numa entrevista ao semanário «Sol» onde fala de «costumes».

Como as minhas compras experimentais do semanário do arquitecto já terminaram, aqui recorro ao "copy/paste" de uma passagem de um daqueles posts:

«Perguntada acerca de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, Agustina afirma que "falar de casamento entre pessoas do mesmo sexo é distorcer o seu sentido".
«Mais. "Ao longo da vida conheci homossexuais brilhantes a nível intelectual que não eram capazes de encarar o casamento. Uma coisa são os homossexuais, outra são os maricas (...) Os maricas querem todas essas prerrogativas, como o casamento. Os homossexuais não...
«Todos devem ter os mesmos direitos, mas para isso não é preciso falar de casamento».

Com a Agustina de um lado e uma sondagem de opinião do outro, o João Gonçalves deslumbrou-se!

Vai daí, ora diz que o casamento homossexual não seria preciso para nada se a Lei 7/2001 (sobre as uniões de facto) fosse regulamentada, ora, de bicos de pés, quer ombrear com a escritora e diz:
- «Em matéria de costumes, já estou como a Agustina. Não sejamos maricas».

Que o João Gonçalves e a Agustina Bessa Luís não queiram ser maricas, é lá com eles.
Mas talvez lhes ficasse bem não emitirem opiniões precipitadas e assim tão obviamente deformadas por preconceitos homofóbicos.

Não que os dois não sejam livres de terem preconceitos homofóbicos.
Estamos num país livre: se os tiverem, isso é lá com eles.

Mas ao menos assumam esses preconceitos e essa homofobia com verticalidade e tenham a honestidade intelectual de não os disfarçarem debaixo da capa de frases bombásticas e aparentemente bem sonantes como:
«Uma coisa são os homossexuais, outra são os maricas (...) Os maricas querem todas essas prerrogativas, como o casamento. Os homossexuais não... Todos devem ter os mesmos direitos, mas para isso não é preciso falar de casamento».

Imagine o João Gonçalves esta simples história (se quiser depois conte-a à Agustina), e faça-me o favor de a considerar rigorosamente verdadeira, embora sob a capa de nomes supostos.
Aqui vai:

O Manuel é um alto quadro de um banco.
O Joaquim é funcionário judicial.
São os dois homossexuais e começaram a viver juntos há quase 50 anos.

Viviam numa casa comprada por ambos com empréstimo hipotecário, embora a casa estivesse em nome do Manuel que, como bancário, tinha melhores condições de crédito.
O recheio e os equipamentos da casa, várias vezes renovados ao longo das décadas, tinham sido comprados por ambos, em conjunto.
Nesse quase meio século viveram em união de facto, em perfeita economia comum, numa amizade e num companheirismo invejável para quem os conhecia.
Já aposentados os dois, tinham a vida próspera e desafogada que as duas reformas lhes proporcionavam, principalmente a reforma do Manuel, muito superior à do Joaquim.
Como o empréstimo da casa estava já pago há muitos anos (pela economia comum de ambos), até se podiam dar ao luxo de fazerem regularmente cruzeiros por esse mundo fora.
Numa palavra: eram felizes.

Mas ao fim de quase meio século de vida em comum, de uma existência partilhada em tudo, o Manuel morreu subitamente.

A única família do Manuel eram dois sobrinhos que viviam em Trás-os-Montes (salvo erro em Mirandela), que ao longo dos anos sempre se haviam recusado sequer a pronunciar o nome do tio que era «paneleiro».
Nem sequer foram ao seu funeral, tal o desprezo que sentiam pelo «tio paneleiro».

Mas no próprio dia do funeral, já à noite, foram a casa do tio.
A primeira coisa que fizerem foi correr com o Joaquim, «o outro paneleiro» que vivia com o tio, e puseram-no fora de casa com a roupa que tinha no corpo.
Perante a resistência que ofereceu, ainda o agrediram selvaticamente.

O Joaquim foi logo à polícia.
Mas não havia nada a fazer. Os sobrinhos eram os únicos herdeiros do Manuel. A casa era agora deles.
Quanto às agressões, que testemunhas havia?

Nessa noite o Joaquim dormiu nas escadas do prédio.
Tinha 76 anos e a meio da noite, deitado no chão frio de um vão de escadas, acabara de descobrir que não tinha nada de seu.
Restava-lhe, felizmente, a sua pensão de funcionário judicial aposentado há muitos anos, mas que nem sequer lhe dava para comprar outra casa.
E que banco lhe ia emprestar dinheiro com aquela idade?

Daí a uns dias, por intermédio de uns amigos comuns, lá conseguiu que os sobrinhos do Manuel, num gesto de magnânima boa vontade, lhe devolvessem a sua própria roupa.
Nunca mais viu os discos ou os livros.
Nem sequer as fotografias, que recordavam toda uma vida. Disseram-lhe que os sobrinhos as tinham queimado.

Vive agora sozinho num quarto alugado miserável, e gasta na renda quase metade da sua reforma.

O meio século, todos aqueles anos em que viveu em união de facto com o Manuel de nada lhe valeram.
Não é herdeiro do Manuel e não se pode habilitar à sua pensão de aposentação.
Os sobrinhos já venderam a casa e regressaram a Trás-os-Montes com o dinheiro que o «tio paneleiro» lhes deixou em herança.

E é esta a história.

Mas afinal parece que há uma esperança para o Joaquim.
O João Gonçalves e a Agustina Bessa Luís, na sua «complexa simplicidade octogenária», afinal têm uma solução para a vida do Joaquim.

Vá lá, João Gonçalves:
Nem que tenha de pedir ajuda à Agustina, ajude o Joaquim, e demonstre-lhe por A mais B que um verdadeiro homossexual, um homossexual «a sério» e que seja verdadeiramente «brilhante a nível intelectual», como diz a Agustina, não precisa do casamento para nada e que isso é só coisa de maricas.

Ajude lá o Joaquim, João Gonçalves.
Vá lá: nisto e em matéria de costumes, não seja maricas!


sexta-feira, 20 de outubro de 2006

 

Um Problema Conjuntural




«Não só os homossexuais mas também aqueles que os toleram são merecedores da morte»
- Bíblia: Romanos 1:32

«O acto homossexual deve ser punido com a morte».
- Bíblia: Levítico 20:13


Moral da história:

A homossexualidade é uma doença incurável que não pode ser tolerada por nenhum bom cristão e deve ser punida com a morte;

A pedofilia é um problema conjuntural que se resolve mudando o padre de freguesia.




(Publicado simultaneamente no «Diário Ateísta»)


quinta-feira, 19 de outubro de 2006

 

Telepatia Animal



Vejamos:
Há gente que acredita em tudo e mais alguma coisa.
Há gente que acredita em telepatia, astrologia, biorritmos, cartomancia, homeopatia, acupunctura, parapsicologia, almas de outro mundo, reincarnações, médiuns, extraterrestres, eu sei lá...

Há mesmo gente que acredita que a Alexandra Solnado passa as tardes a falar com Jesus Cristo e que a mãe do próprio Deus aparecia em cima das árvores.

Há até gente, pasme-se, que acredita em Deus!

Então, porque não acreditar também nesta fantástica «animal communicator», nesta incrível telepata que diz que comunica com os animais com o seu «terceiro olho»?

É que até já houve um bicho qualquer (neste caso talvez uma bicha) que lhe disse que era homossexual.

Simplesmente fantástico!




quarta-feira, 18 de outubro de 2006

 

A Noção do Ridículo



Passado agora já um ano e bem vistas as coisas, a vida do Bruno sempre tinha sido de tal forma atribulada que talvez não devesse ter sido surpresa como ela acabou.

Mesmo que nos últimos tempos as coisas parecessem ter entrado nos eixos: aos 25 anos de idade o Bruno vivia agora em união de facto com uma moça lindíssima, o pai tinha-lhe dado mais uma oportunidade e trabalhavam agora juntos.

Mas quando tudo parecia bem, o Bruno fez o que ninguém esperava:
Foi ao escritório do pai, tirou o revólver do cofre e suicidou-se com um tiro na cabeça.

Passado agora mais de um ano, o completo desmoronamento daquela família é ainda hoje visível todos os dias, a cada momento do dia.

Foi, pois, com um inaudito esforço que uma semana depois a mãe do Bruno foi a casa dele buscar as suas coisas.
Tocou à porta, mas a sua companheira não estava. Devia estar a trabalhar.
Pegou na chave que tinha encontrado no bolso do filho e entrou.
Trouxe as suas roupas, um álbum de fotografias da família, um computador portátil, uma impressora e uma pequena máquina fotográfica digital.

Quando a companheira do Bruno chegou a casa e deu pela falta das coisas, dirigiu-se imediatamente à Polícia e apresentou queixa por furto.
Quando à noite o pai do Bruno lhe telefonou, já era tarde. A queixa já estava apresentada e tinha agora de avançar. Mas não era caso de cuidado, claro.

Mas, de qualquer modo, disse-lhe, a máquina fotográfica digital não era do Bruno, era sua.
Então, se assim era, tinha de ser imediatamente devolvida. E o pai do Bruno foi lá a casa devolver-lha ainda nessa mesma noite.

Quando a mãe do Bruno foi chamada à Polícia para prestar declarações, contou toda a história: as coisas que tinha ido buscar eram suas, enquanto herdeira universal do seu filho. Quanto à máquina fotográfica tinha-a trazido persuadida de que também era do filho mas, alertada para o engano, já a tinha devolvido, até nesse mesmo dia.

Por sua vez, a companheira do Bruno confirmou integralmente à Polícia a versão da mãe do Bruno: a máquina já tinha sido devolvida. No meio da confusão só não tinham sido devolvidos os cabos de ligação da máquina ao computador, que ao que parece se tinham perdido, pelo menos não sabia onde estavam, mas isso nem sequer tinha importância.

E toda a gente esqueceu o assunto.
Até hoje.
A mãe do Bruno acabou hoje mesmo de receber notícias do processo.
O Ministério Público imputou-lhe a prática do furto de um cabo de ligação de uma máquina fotográfica, a que atribuiu o valor de 30 euros, e acusou-a do crime de furto qualificado, que o nº 2 do artigo 204º do Código Penal pune com pena de prisão até 8 anos.

Não há dúvida: mesmo sem a ajuda do seu Conselho Superior, todos os dias o Ministério Público se dignifica a si próprio um pouco mais.


segunda-feira, 16 de outubro de 2006

 

Descubra as Diferenças



Que diferenças existirão verdadeiramente entre as religiões?
Até que ponto os princípios filosóficos se distinguirão nas diferentes religiões de todo o mundo?

Serão semelhantes ou distintas as mensagens que o Deus de cada uma das religiões transmitiu aos seus fiéis, e que todos seguem em busca do respectivo Paraíso?
Até que ponto serão diferentes o Deus dos católicos e o Deus dos muçulmanos?

Por outras palavras, será que um católico e um muçulmano, enquanto pessoas religiosas e de fé, são de facto diferentes um do outro?

Respiguemos então, ao acaso, algumas citações da Bíblia e do Corão, afinal os livros sagrados das duas religiões, a que os respectivos fiéis obedecem como sendo a verdadeira palavra de Deus transmitida aos Homens, e que seguem como constituindo os princípios éticos que os regem em cada momento da sua vida.

Afinal, o que os distinguirá?
Vejamos:

«Fazei-lhes a guerra até que a idolatria cesse e a religião de Alá reine de forma suprema»
- Corão: 8:39
«...matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos»
- Bíblia: Samuel, 15:3

«Massacrem os idólatras onde quer que eles estejam…façam emboscadas em todos os lugares em busca deles»
- Corão: 9:5
«E a minha ira se acenderá, e vos matarei à espada»
- Bíblia: Êxodo, 22:24

«A todos os que massacram em nome de Alá, Ele não permitirá que as suas obras se desvaneçam…Ele admiti-los-á no Paraíso e revelar-se-á a eles».
- Corão: 47:8
«E pelejaram contra os medianitas, como o Senhor ordenara a Moisés, e mataram a todos os homens»
- Bíblia: Números, 31:7

Serão, pois, assim tantas as diferenças entre as duas religiões?
Será que um católico se sente assim tão diferente de um muçulmano?

Mas para qualquer católico que se preze, convencido que estará que a sua religião prega o amor e a paz entre os Homens, mas que ainda tenha dificuldade em responder a estas perguntas, não haverá nada melhor do que saber até que ponto o seu Deus deixou bem claro quais os verdadeiros fundamentos do cristianismo.

É que na Bíblia (Mateus 10:34) Jesus Cristo, isto é, o próprio Deus, transmitiu-nos de facto e de forma clara e inequívoca, e até em discurso directo para que não houvesse confusões, quais os fundamentos e os princípios éticos e filosóficos do cristianismo quando nos disse:

- «Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada».


Será que é preciso dizer mais alguma coisa?
Vindas do próprio Deus dos católicos, estas palavras são, de facto, absolutamente esclarecedoras!...




(Publicado simultaneamente no «Diário Ateísta»)


domingo, 15 de outubro de 2006

 

Like a Rock



Para ouvir MUITO alto!
Na história da música este «Like a Rock» de Bob Seger terá sempre um lugar de especial destaque.

A voz rouca de Bob Seger, numa composição absolutamente genial, sublinhada por um baixo indiscutivelmente virtuoso, um piano que sublinha nos lugares certos, tudo num arranjo extraordinário que leva a música num crescendo até ao solo final, só ao alcance de alguns eleitos.

Às vezes há momentos de música assim.
Absolutamente fantástico!

Like a Rock

Stood there boldly
Sweatin' in the sun
Felt like a million
Felt like number one
The height of summer
I'd never felt that strong
Like a rock
I was eighteen
Didn't have a care
Working for peanuts
Not a dime to spare
But I was lean and Solid everywhere
Like a rock
My hands were steady
My eyes were clear and bright
My walk had purpose
My steps were quick and light
And I held firmly
To what I felt was right
Like a rock
Like a rock,
I was strong as I could be
Like a rock,
nothin' ever got to me
Like a rock,
I was something to see
Like a rock
And I stood arrow straight
Unencumbered by the weight
Of all these hustlers and their schemes
I stood proud, I stood tall
High above it all I still believed in my dreams
Twenty years now
Where'd they go?
twenty years I don't know
sit and I wonder sometimes
Where they've gone
And sometimes late at night
When I'm bathed in the firelight
The moon comes callin' a ghostly white
And I recall recall Like a rock.
standin' arrow straight
Like a rock,
chargin' from the gate
Like a rock,
carryin' the weight
Like a rock
Like a rock,
the sun upon my skin
Like a rock,
hard against the wind
Like a rock,
I see myself again
Like a rock


sexta-feira, 13 de outubro de 2006

 

A Mãe de Deus



O dia 13 de Outubro é uma data de extrema importância para os católicos de todo o mundo.

De facto, foi no dia 13 de Outubro de 1917 que a mãe de Deus, ela própria, em pessoa, em directo e ao vivo, apareceu pela sexta vez aos três videntes de Fátima, tal como tinha anunciado que ia fazer no dia 13 de Maio desse mesmo ano.

Nesse dia 13 de Outubro, a Virgem Maria, decerto cansada que a tratassem por esse nome (ela lá saberá porquê), disse aos três videntes que queria passar a ser tratada por outro nome mais actualizado.
E disse-lhes então: eu sou a «Nossa Senhora do Rosário».
Segundo rezam as crónicas da época, os videntes não acharam estranho que a mãe de Deus se referisse a ela própria por «Nossa», em vez de «Vossa». Mas isso é um pormenor de somenos importância.

Já que estava ali sem fazer nada, a Vossa Senhora do Rosário aproveitou a oportunidade e resolveu anunciar que queria que no local das aparições fosse construída uma capela em sua honra.
E lá lhe fizeram a vontade, não fosse o Diabo tecê-las. Olá se fizeram!

Rezam ainda as crónicas da época que foi nesse dia que o Sol dançou no céu.
Embora não se conheça ninguém em concreto que tivesse presenciado este milagre, pois todas as pessoas que foram inquiridas individualmente negaram ter visto alguma coisa digna de nota, o que é facto é que para todos os efeitos o Sol dançou, e isso é o que interessa.

Mas o verdadeiro significado das aparições da Cova da Iria é outro completamente diferente e muito mais importante.
Vejamos então:

Um belo dia a mãe do Deus pai, do Deus filho e do Deus Espírito Santo, isto é, a mãe desta gente toda, resolveu vir ao planeta Terra transmitir uma mensagem aos humanos.
Andava preocupada com a gente, coitada.

E então, decerto persuadida da enorme importância desta divina mensagem, a santa progenitora escolheu como seus interlocutores nada menos do que três pastores analfabetos e meio atrasados mentais.
Ainda por cima as «sopas de cavalo cansado» não os tinham ajudado nada, coitados.

Nunca ninguém lhe perguntou a razão desta escolha. Mas da parte de quem gostava de aparecer às pessoas em cima das árvores, também nada é de estranhar.

Dado o inegável significado simbólico e atenta até a enorme relevância para a História da Humanidade, a mensagem foi de início considerada um segredo divino.
Só foi conhecida aos bochechos e depois de cuidadosamente dividida em três partes.

Na primeira parte, esta senhora «mais brilhante que o Sol» resolveu dedicar-se às banalidades. E lá entendeu dizer aos visionários que deviam rezar muito.
Sim, porque Deus gosta muito que lhe rezem. Faz-lhe bem ao ego, dizem.

Na segunda parte, resolveu dedicar-se às previsões e à futurologia. E lá entendeu por bem prever que a Guerra acabava nesse ano de 1917 e que os soldados portugueses já estariam de volta ao solo pátrio pelo Natal.
O pior foi que a I Guerra Mundial, a tal guerra de 1914-18 acabou, tal como o próprio nome indica, no ano de 1918.
Então não querem lá ver que a mãe de Deus se enganou, coitada?

Finalmente, a terceira e última parte a ser conhecida, aliás mais de meio século depois, fazia mais uma previsão. Desta vez de um atentado ao Papa.
O pior é que as previsões que são conhecidas depois dos acontecimentos que predizem ainda são piores que os prognósticos feitos no fim do jogo.

Ou seja, quer isto dizer que, nesta insigne e extraordinária mensagem transmitida aos Homens, a mãe de Deus numa parte fez um prognóstico no fim do jogo, noutra disse uma banalidade e na terceira, coitadita... enganou-se!

O que é facto é que ainda hoje me custa a entender por que raio terá a mãe de Deus resolvido um belo dia vir à Terra insultar desta maneira os católicos de todo o mundo...



(Publicado simultaneamente no «Diário Ateísta»)


quarta-feira, 11 de outubro de 2006

 

A história de uma professora de matemática



Era uma vez uma professora de matemática que dava aulas numa escola bem perto daqui.

Há dois anos foi professora da adolescente cá de casa, estava ela a fazer o 9º ano.

Ora bem:
Um belo dia chegou o primeiro teste de matemática.
Pimba! Uma nega. E logo das boas.

Sendo as negas, felizmente, uma coisa rara na adolescente cá de casa, procurei averiguar o que tinha corrido mal.
Sempre a dar o devido desconto, que nisso os adolescentes são todos iguais, lá ouvi as justificações do costume.
Não queria acreditar no que ouvia:
Que todos os alunos tinham tido negativa no teste, que a professora faltava uma em cada três ou quatro aulas, que não explicava nada, que ninguém sequer entendia o que ela dizia, que ninguém percebia peva daquilo mas que ela espingardava com os alunos que ousavam tirar-lhe dúvidas, que as aulas eram uma grande rebaldaria, eu sei lá.
A desgraça era completa: não faltava nada.

Verdade ou não, exagero ou não, o que é certo é que eu estava mas é a ver a vida a andar para trás.

Não fosse o Diabo tecê-las, lá foi a adolescente para uma explicação de matemática.
E por lá andou o ano todo, à razão de 250 euros por mês.

Até que chegou o fim do ano lectivo, e com ele aqueles "exames" engraçados que não contam para nada.
E lá foi a adolescente cá de casa fazer os exames de português e de matemática.
Testes de aferição, acho que era o que lhes chamavam.

Quando saíram os resultados lá fomos ver as notas.
E é então que verificamos todos uma coisa curiosa.
Mesmo muito curiosa.
De todos os alunos daquela professora de matemática, mas todos mesmo na escola inteira, somente uma aluna apenas tinha tido positiva no teste.
Sim, adivinharam: foi a adolescente cá de casa.

Não havia dúvida de que o explicador de matemática era competente e tinha merecido cada cêntimo que lhe tinha pago ao longo do ano.
E, por sua vez, não havia dúvida quanto à competência daquela professora de matemática.
A adolescente cá de casa afinal tinha razão.
(Se ela ler isto, é bom que saiba que foi uma vez sem exemplo, claro).

Pois é.
E o que aconteceu à professora de matemática com aquela espectacular média de aprovações entre todos os seus alunos?

Pois é.
Não aconteceu rigorosamente nada.

Como é «efectiva» lá na escola, lá continua, ano após ano, a passear impunemente a sua clamorosa incompetência, todos os anos a criar mais uma geração de analfabetos em matemática.

Pois, como o desempenho dos professores não é avaliado, como não está prevista na lei a possibilidade de despedir um professor que é efectivo só pelo “simples motivo” de que os seus alunos chumbam todos eles nos exames, lá continua a professora de matemática na escola bem perto daqui a dar aulas mais este ano.
E lá vai mais um ano, e lá vai mais uma geração de analfabetos em matemática.
Sem que ninguém faça nada.

E quando, talvez pela primeira vez na História deste país, aparece uma ministra que quer acabar com esta rebaldaria, e que pretende implementar um sistema que distinga os competentes dos incompetentes num sector da função pública, os professores não querem.
Sentem-se ofendidos e insultados, dizem, na sua dignidade profissional.

Sob o pretexto de clamarem contra outras medidas da ministra (onde até podiam ter muita razão), metem tudo no mesmo saco e, em vez de considerarem dignificante para a sua classe uma política governamental que a expurgue de uma imensa minoria de incompetentes e de bestas que por lá andam a fazer de conta que são professores e a dar mau nome a uma classe inteira, que bem merecia ser mais prestigiada, deixam-se antes manobrar por Sindicatos que ainda não se aperceberam que o Muro de Berlim já lá não está, e fazem greves sucessivas e manifestações onde vão, pasme-se, mais de 20 mil professores!

Uma aposta que aquela professora de matemática da escola bem perto daqui foi à manifestação.
Afinal, não era a manifestação por sua causa?...


Por isso, não é por demais repetir:
Senhora ministra: por favor não desista!


terça-feira, 10 de outubro de 2006

 

Random Precision



O «Random Precision» faz hoje 2 anos!

Garanto que não tem sido nada fácil para um blog individual.

Mas 738 posts depois, e com mais de 170.000 visitas (e 275.000 page views), a primeira coisa que posso dizer é que, apesar de toda a trabalheira e apesar das longas horas roubadas à leitura, o que os livros para ler que se amontoam aqui ao lado reclamam aos gritos, fazer um blog é acima de tudo muito divertido.

É também uma atitude de alguma irresponsabilidade, confesso, principalmente para quem dá a cara por aquilo que escreve e não se esconde atrás de um anonimato protector.

Embora seja muito curioso como ter de passar a escrito uma ideia fugaz e ainda um bocado abstracta nos ajuda a ordenar os pensamentos, a pensar de forma concreta e a firmar convicções.

Foi também por intermédio do «Random Precision» que um belo dia fui citado num jornal e às tantas, sem bem me dar conta, estava a dar conferências de imprensa e a fazer as aberturas dos telejornais todos do país durante quase uma semana.
E qualquer dia ainda vem aí mais disso.

Mas o principal destaque que posso fazer é o que se refere às pessoas que conheci, quer directa, quer indirectamente por intermédio do Blog, algumas das quais de quem me tornei muito amigo.
E o quanto, por via delas, a minha vida tanto se modificou.

Ao mesmo tempo, criei também muitas acrimónias por causa daquilo que aqui escrevi e por causa das ideias que aqui defendi.
Mas a esmagadora maioria das pessoas que frequentam o «Random Precision», mesmo as que são mais críticas e discordam profundamente de mim, têm constituído um dos meus maiores encorajamentos.

Não tenho palavras para descrever a mágoa de há poucos meses ter perdido um dos meus leitores mais fiéis, e também um dos mais críticos, mas principalmente um dos meus maiores amigos. E que não podia deixar de recordar aqui.
Às vezes, quando escrevo um texto, ainda dou por mim a pensar que comentário lhe faria o Zé Ramos, o «Zéquinha Coronel».
Que saudades!

Sinceramente, não sei quanto tempo de vida terá ainda o «Random Precision».
Logo se verá.
O futuro a Deus pertence, não é?

Eh!
Pronto! Estava só a brincar!!!

E que melhor comemoração deste segundo aniversário, do que este pequeno e singelo filme?

Happy Birthday!!!




segunda-feira, 9 de outubro de 2006

 

Deliver Us From Evil



No próximo dia 13 de Outubro vai estrear nos Estados Unidos o documentário «Deliver Us From Evil».
Espero bem que seja em breve também exibido em Portugal.

«Deliver Us From Evil», ou «Livrai-nos do Mal», é na realidade o título adequado para este documentário.
É a história do padre Oliver O’Grady, o mais famoso pedófilo da história da moderna Igreja Católica.

Completamente desprovido de sentido de moral ou de qualquer sentimento de vergonha ou culpa, o padre O’Grady usou o seu carisma e autoridade para violar dezenas de membros de fiéis famílias católicas por todo o Nordeste da Califórnia durante mais de vinte anos.

As suas vítimas vão desde um bebé de 9 meses (!) até a uma senhora de meia-idade, por sua vez mãe de um adolescente também por si violado.

Apesar de repetidos avisos e denúncias, a Igreja Católica conseguiu construir à volta de Oliver O’Grady uma protectora teia de mentiras que durante mais de duas décadas iludiu todas as críticas e o protegeu de quaisquer responsabilidades legais.
Documentos da própria Igreja Católica demonstram que desde 1973 o padre Oliver O’Grady violou e sodomizou impunemente um incontável número de crianças, com total e perfeito conhecimento dos seus superiores e das autoridades eclesiásticas católicas.

Enquanto isso, essas mesmas as autoridades eclesiásticas, com especial relevo para o Cardeal de Los Angeles, Roger Mahony, limitavam-se depois de cada escândalo a transferi-lo sucessivamente de paróquia para paróquia.
Apesar de em cada nova paróquia O’Grady uma vez mais começar tudo de novo.

Aliás, é sabido que a só Igreja Católica americana já gastou mais de mil milhões de dólares em acordos indemnizatórios extra-judiciais com vítimas de abusos sexuais para abafar os escândalos e proteger os padres envolvidos.

A autora deste notável documentário, Amy Berg, conseguiu localizar o padre Oliver O’Grady e persuadi-lo mesmo a participar nas filmagens.
O seu relato dos anos que passou nas diversas paróquias da Califórnia é arrepiante, e desprovido de qualquer remorso ou arrependimento.
Mesmo quando confessa abertamente aquilo a que chama «uma irresistível atracção sexual por crianças pequenas, mesmo bebés de poucos meses» e admite abertamente ter usado o ascendente moral que como padre tinha sobre as crianças das sucessivas paróquias por onde passava para depois as violar.

Eis um pequeno filme de uma entrevista com Amy Berg, a autora e realizadora do documentário:

Mais perturbadora será talvez a frieza com que o padre Oliver O’Grady calmamente declara que tem a consciência tranquila, e como se considera completamente perdoado pelos seus pecados uma vez que... os confessou já a um padre seu colega.

Resta dizer que ao fim de quase 30 anos de abusos e violações o Padre Oliver O’Grady foi preso e julgado pela justiça americana, e condenado a 14 anos de cadeia.
Depois de cumprir 7 anos dessa sentença foi libertado.
A Igreja Católica Apostólica Romana não o abandonou nesta sua desventura: transferiu-o para a sua Irlanda natal, onde agora uma vez mais apascenta em paz um novo rebanho.
De que obviamente fazem parte crianças de todas as idades...


Clique sobre a imagem à direita ->

para aceder ao site e ver um pequeno “trailer” do documentário que nos relata a mais obscura faceta deste nobre mensageiro de Deus, e nos desvenda que tipo de instituição é na realidade a Igreja Católica Apostólica Romana.


A que tanta gente ainda se arroga orgulhosamente de pertencer...




(Publicado simultaneamente no «Diário Ateísta»)


domingo, 8 de outubro de 2006

 

Coincidência



Segundo o «Diário de Notícias», a primeira penalização aplicada à Região Autónoma da Madeira, por esta ter ultrapassado o máximo de endividamento que lhe era permitido em cerca de 140 milhões de euros, ocorreu já:

O Ministério das Finanças suspendeu a última tranche das transferências para a Madeira relativas ao ano de 2006 no valor de 50 milhões de euros.

O que, como seria de esperar, pôs Alberto João Jardim em polvorosa e Guilherme Silva a considerar esta medida como «um claro ataque político à Madeira».

Mas há uma coincidência deveras engraçada:
É que, segundo o Orçamento da Região Autónoma da Madeira para 2006» (aprovado pelo decreto legislativo regional nº 21-A/2005-M de 30 de Dezembro), o montante dos subsídios que o Governo Regional da Madeira concedeu este ano só aos clubes de futebol da região é aproximadamente de... 50 milhões de euros.

Ele há cada coincidência!...


sexta-feira, 6 de outubro de 2006

 

A Inflexibilidade Ministerial



Segundo o «Público», mais de 20 mil professores desfilaram ontem em Lisboa contra a revisão do «Estatuto da Carreira Docente».

Segundo o inefável Paulo Sucena, secretário-geral da «Fenprof», terá mesmo sido a maior manifestação de sempre de professores de que há memória.

É, de facto, um número impressionante.
E, por isso, inegavelmente significativo!

E o que defendem os professores que assim se manifestaram em tão grande, impressionante e significativo número?

Ainda segundo o próprio Paulo Sucena, os professores consideram condenável a atitude de «extrema inflexibilidade» do Ministério da Educação «em questões fundamentais e decisivas para o futuro da profissão docente».

E que questões fundamentais são essas, que o Ministério da Educação quer implementar e contra as quais os professores são contra?

É muito simples: entre outras coisas, estes senhores professores pretendem o acesso automático ao topo da carreira a todos os docentes pela sua mera antiguidade e independentemente do mérito profissional demonstrado no exercício da sua profissão, e são veementemente contra a avaliação do seu desempenho.

Ora, é sabido que, em qualquer profissão, só os maus trabalhadores temem uma diferenciação ou uma progressão nas suas carreiras baseadas no mérito.
Os bons profissionais não as temem; porventura até as desejam.

Serão então estes que hoje se manifestaram aqueles que lutam contra a proposta ministerial de uma efectiva avaliação do desempenho dos professores?
Todos estes vinte mil?

- Senhora Ministra: por favor não desista!


quarta-feira, 4 de outubro de 2006

 

O Santo Padre



Leio no «Diário de Notícias» que a «BBC» divulgou a existência de um documento secreto do Vaticano, conhecido somente pelas mais altas hierarquias católicas, e que durante mais de 20 anos foi utilizado para instruir os bispos católicos sobre a melhor forma de ocultar e evitar acusações judiciais em caso de crimes sexuais praticados por membros do clero contra crianças.

Visava ainda o documento o encobrimento de padres pedófilos e a sua protecção no seio da Santa Madre Igreja.
De facto, a «BBC» descobriu nada menos do que sete padres católicos acusados de crimes sexuais contra crianças a viver pacificamente no Vaticano e a bom recato de pedidos de extradição.
Segundo um relatório da própria Igreja Católica americana, só nos Estados Unidos cerca de 4 mil padres foram acusados de abusos sexuais contra 10 mil jovens, na sua maioria crianças.

Confesso que não estou surpreendido!

Não estou surpreendido com esta autêntica filhadaputice do Vaticano, afinal bem típica da Igreja Católica Apostólica Romana.

Não estou surpreendido que este documento tenha sido produzido durante o pontificado de João Paulo II.

Não estou surpreendido que durante mais de 20 anos o homem encarregado de zelar pela obediência aos termos do documento foi o cardeal Joseph Ratzinger, mais conhecido hoje como o Papa Bento XVI.

Também não estou surpreendido com os fiéis e piedosos católicos que ao ler este texto estão já a encolher os ombros e a soprar um «pronto, lá está este gajo outra vez».
E que no final vão continuar a ser tão católicos como antes, todos a fazer de conta que nada se passou e a fingir que a sua complacência não os torna cúmplices destes facínoras, e sempre cada vez mais orgulhosos de pertencer a esta ilustre associação de malfeitores.
E até vão continuar a chamar a Bento XVI o «Santo Padre».

Não estou mesmo nada surpreendido...


terça-feira, 3 de outubro de 2006

 

O Bailinho da Madeira



O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, está chateado.

Está mesmo muito chateado com a nova Lei das Finanças Regionais que significará um corte nas transferências da Administração Central para o orçamento da região na ordem dos 140 milhões de euros.

Como se não bastasse, o Ministério das Finanças anunciou que haverá «consequências jurídicas e financeiras» para a Região Autónoma da Madeira, devido ao aumento de 150 milhões de euros no endividamento líquido daquela região.

Ainda por cima este gigantesco défice estava habilmente omitido na execução orçamental da região, e só foi descoberto por acaso, depois de uma operação de cessão de créditos levada a cabo por alguns dos grandes credores do Governo Regional, cansados de esperar pelos seus pagamentos.

Não admira, pois, que o inefável Alberto João Jardim esteja mesmo chateado.

E, como toda a gente sabe, quando o Alberto João está chateado, pimba: ou faz um “despacho”, ou faz uma “resolução”.
Desta vez foi um despacho!

E que despachou desta vez este insular e indómito Bokassa?
Despachou nada mais nada menos do que a obrigatoriedade dos serviços do Estado pagarem um renda pela ocupação de edifícios regionais.

Ora bem:
Penso que nem vale a pena aqui falar do peculiar significado que Alberto João Jardim dá ao conceito de «Estado».
Nem vale a pena debruçarmo-nos sobre a racionalidade jurídica, ou até prática, desta iluminada decisão do nosso carnavalesco ilhéu.

Pensemos somente no Orçamento da Região Autónoma da Madeira.
Ora, como toda a gente sabe, a Madeira apresenta nos últimos 30 anos índices de desenvolvimento absolutamente notáveis.
Ele é túneis por todo o lado, auto-estradas sem custos para o utilizador, claro, um pista do aeroporto construída de forma inédita sobre o mar, eu sei lá.

Por isso, nem sequer ficaria bem falar nas transferências que ao longo destas três décadas a Administração Central fez para o orçamento da região.
Porque o dinheiro foi com toda a certeza bem gasto, e impecavelmente gerido pelo Governo Regional da Madeira, pelo seu indómito presidente e por toda aquela simpática gente do PSD que gravita ali à volta.

Sendo assim, e para demonstrar este genialidade gestionária e governativa, que tem o pesado fardo de gerir os destinos da Pérola do Atlântico desde o 25 de Abril, nada melhor do que irmos dar uma pequena olhadela ao «Orçamento da Região Autónoma da Madeira para 2006», aprovado pelo decreto legislativo regional nº 21-A/2005-M de 30 de Dezembro.

Para quem tiver pachorra, aqui fica o LINK.

Para quem não tiver, então deixo aqui respigadas, absolutamente ao acaso, claro está, algumas das verbas da despesa deste orçamento para o ano de 2006.
Então aqui vai:

- Festival de poesia do Porto Santo: € 301.338,00

- Restauração de órgãos de igrejas: € 1.534.694,00

- Campanha de imagem: € 9.838.173,00

- Material promocional: € 4.937.262,00

- Festa do fim do ano: € 64.720.184,00

- Promoção de provas automobilísticas: € 4.254.725,00

- Promoção do golfe: € 4.893,008,00

- Subsídios aos clubes de futebol «Marítimo» e «Nacional»: € 21.358.448,00

- Ajudas para as deslocações dos clubes de futebol «Marítimo» e «Nacional»: € 10.157.800,00

- Participação no capital das S.A.D.’s dos clubes de futebol «Marítimo» e «Nacional»: € 87.500,00

- Apoios a outros clubes de futebol: € 21.060.936,00

Total destas pequenas e singelas 11 rubricas: € 143.144.068,00.
Por coincidência, um valor próximo do tal aumento do endividamento líquido da Região Autónoma.
Mas é só coincidência, claro!

Não há dúvida: Alberto João Jardim tem muita razão para estar chateado!
Mandem mais dinheiro para a Madeira!

- JÁ!!!!


segunda-feira, 2 de outubro de 2006

 

Os chicos-espertos



É curioso como uma determinada direita, aliás sempre convenientemente identificada e coincidente com uma grande fé no «Altíssimo», se acha iluminada por uma clarividente inteligência e dotada de uma superioridade moral e ética sobre o comum dos mortais, como se isso fosse uma espécie de graça divina que lhe advém de rezar muitas, muitas, muitas vezes, e ainda por cima assim com muita intensidade e fervor.

Desta vez coube a uma mão-cheia de mui católicas deputadas, arvoradas em brilhantes génios da estratégia política, combinarem uma táctica absolutamente infalível para esvaziar de sentido todos os argumentos dos defensores do "sim" no referendo sobre o aborto que em breve se realizará.

Ao que parece, esta nobre tarefa terá cabido à sempre malabarista Zita Seabra, do PSD, que malabaristicamente parece já ter-se desligado da iniciativa depois de ler uma notícia no «Expresso», que não lhe agradou lá muito.
O que, convenhamos, não deixa de ter a sua graça.

A acompanhar a sempre coerente senhora, estarão Ana Manso, também do PSD, Teresa Caeiro, do CDS, e ainda mais duas ilustres e muito pias aves de arribação da bancada do PS, que dão pelo nome de Rosário Carneiro e Teresa Venda.

Até o próprio «Expresso» quis dar um empurrãozinho à iniciativa, ao noticiar que Marcelo Rebelo de Sousa e Paulo Portas tinham voltado a comer "vichyssoise" juntos.
Mas já ambos se apressaram a desmentir isso e também a sua ligação ao projecto, embora tenham confirmado que sim senhor, acham tudo boa ideia e que os defensores do "sim" nem vão saber como elas mordem.

E que defendem então estas almas, estes diligentes tementes a Deus e bons católicos, todos ansiosos por um lugar no Céu?
Nada melhor do que concertar posições para nos dar a todos, ó graças, um generoso “sinal de boa vontade”, propondo nada mais nada menos – pasme-se – do que isto:
- A suspensão provisória dos julgamentos de processos-crime instaurados contra as mulheres que abortaram.

Não é de génio?
Pois é!
Principalmente porque o que todos estes chicos-espertos não estão a dizer, e que esperam que as "outras pessoas" (que toda a gente sabe que são estúpidas), não se lembrem, são três coisas muito simples:

- Em primeiro lugar, e uma vez que a suspensão proposta é meramente provisória (porque uma suspensão definitiva decerto seria um enorme pecado contra o Todo-Poderoso), não querem explicar que quando acabar o tal período de suspensão volta tudo à estaca zero, e as mulheres que abortaram voltam aos julgamentos entretanto interrompidos.
De facto muito edificante.

- Em segundo lugar, não falam da criminalização dos médicos e dos enfermeiros que actualmente se verifica e que, a persistir na lei, esvazia de sentido na prática a realização de qualquer aborto.
Não é brilhante?
Pois mesmo que a mulher que vai abortar seja descriminalizada, nenhum médico ou enfermeiro ousará praticar esse aborto se continuar a estar sujeito a malhar com os ossos na prisão.
E então, valha-nos Deus e a estupidez dos "outros", continua a não haver abortos para ninguém. A não ser como até aqui, claro, numa clínica de Badajoz ou num vão de escada em Massamá...

- Em terceiro lugar, também não estão a dizer que a proposta que vão apresentar, mais do que descriminalizar a mulher que aborte ou do que suspender provisoriamente o seu julgamento, propõe a substituição da pena de prisão pela nobre prestação de um «trabalho comunitário» e ainda a participação obrigatória em sessões de planeamento familiar.

Não é também genial?
Pois se uma mulher que abortou pensa que agora está livre de trabalhos, está muito enganada: vai ainda continuar sujeita à ignomínia de um julgamento público, pois só um juiz poderá determinar que tipo de serviço cívico, e por quanto tempo, essa mulher ainda vai ter de prestar.

E então, se a ideia de todos estes católicos e ferozes velociraptores da política vingasse, provavelmente ainda veríamos mulheres na edificante tarefa de a ajudar velhinhos em centros de dia ou a limpar jardins para expiarem em público um crime que foi... descriminalizado.

Não me canso de repetir:
- Não há pior imbecil do que pensa que os outros são imbecis!


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