domingo, 5 de dezembro de 2004

 

O Império contra-ataca



Conformado agora com a inevitabilidade da dissolução da Assembleia da República, o PSD prepara já o seu contra-ataque político à situação criada pela decisão do Presidente.
O Conselho Nacional reunido ontem apoiou incondicionalmente Santana Lopes, e os mais brilhantes estrategos preparam já as suas melhores tácticas.
Resta saber se quem vai liderar as hostilidades será Marques Mendes ou Rui Gomes da Silva, embora não seja difícil prever quem seja, nem quais os resultados que irá obter.
Porque, para já, não é difícil adivinhar a estratégia que irá ser seguida:

Em primeiro lugar, o PSD vai dar a mão ao PP, tentado recriar uma espécie de nova AD, mostrando que ao longo destes dois últimos anos sempre esteve confortável com a liderança ideológica da coligação, obviamente protagonizada por Paulo Portas.
E, por isso, não se importará de manter esta relação de subalternidade política.
E de tal modo o namoro é descarado, que a própria noiva não hesita em manter-se pudicamente hesitante e fingidamente distante, como se disso não dependesse a sua própria sobrevivência.

Em segundo lugar, vai tentar colar o Presidente ao PS, insinuando que Jorge Sampaio não dissolveu a Assembleia da República há quatro meses atrás, somente para dar tempo ao PS de preparar a sucessão de Ferro Rodrigues e a entrada de Sócrates.
Esquecendo que foi esta a decisão que sempre defendeu que Sampaio tomasse, contra a vontade expressa do Partido Socialista e, de um modo geral, de toda a esquerda.

Em terceiro lugar, vai insinuar que a decisão de demitir Santana Lopes e que toda a situação actual resultam unicamente de um favor e de uma cedência do Presidente aos «grandes grupos económicos», que estavam a ser atacados com a política do actual Governo.
Embora, como é óbvio, não seja sequer necessário explicar como é que isso estava a ser feito.

Em quarto lugar, vai atacar pessoalmente Sócrates: começará despudoradamente por tentar manchar a sua honorabilidade e a sua vida pessoal e financeira, colando-o a interesses económicos "obscuros" e insinuando decisões "menos claras" no tempo da co-incineração.

Finalmente, vai utilizar o próprio Santana Lopes e a sua veia de papagaio populista, e tentar pô-lo a falar às massas repetindo à exaustão chavões mais ou menos sonantes, e procurando passar uma mensagem de grave injustiça da sua demissão.
Sempre na expectativa de que as mais notáveis vozes dentro do próprio PSD finalmente se calem, e também na esperança que os portugueses acabem por esquecer o desempenho do Governo nestes últimos quatro meses e quais foram as verdadeiras razões que motivaram, afinal, a decisão presidencial de dissolver a Assembleia da República.




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