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Santana Lopes começou já a sua campanha eleitoral.

Numa estratégia perfeitamente estudada, o primeiro-ministro anunciou a sua demissão. Com isso provavelmente buscando, de um só golpe, vários objectivos:
Em primeiro lugar, deve ter pensado que se “vingava” e aborrecia o Presidente, não percebendo sequer que deve ter conseguido precisamente o contrário.
De facto, se Jorge Sampaio pretendia de Santana Lopes o exercício de uma governação de “competências politicamente limitadas” este ofereceu-lhe agora de bandeja um simples “Governo de gestão”.
Em segundo lugar Santana Lopes visa uma estratégia de auto-vitimização pública, tentando fazer passar a mensagem de que Jorge Sampaio é o facínora que travou a marcha triunfante de um Governo competente, e em pleno exercício de profundas reformas estruturais.
Esquecendo-se, como é óbvio, de dizer quais são essas reformas.
Depois, uma vez mais afrontando o Presidente, tenta colá-lo ao Partido Socialista, insinuando que Jorge Sampaio não dissolveu a Assembleia da República há quatro meses atrás, somente para dar tempo ao PS de preparar a sucessão de Ferro Rodrigues e a entrada de Sócrates.
Finalmente, espera que toda esta estratégia se reflicta numa punição do eleitorado ao Partido Socialista, por associação ao Presidente da República, com a óbvia deslocação de votos para o PSD.

Santana Lopes procurou ainda sublinhar este brilhante gesto carregado de significado político, fazendo-se acompanhar de toda a sua equipa ministerial na “cerimónia de demissão”.
Mas uma vez mais as coisas lhe correram mal: porque o maior significado político que se retirou de toda esta autêntica patranha foi a própria ausência na “cerimónia” dos ministros Álvaro Barreto e Bagão Félix.

Para além de demonstrar que Santana Lopes não sabe que o seu principal adversário político no combate eleitoral que se avizinha não é o Presidente da República: é o Partido Socialista.